domingo, 10 de junho de 2012

Alzira


E no meio daquele estardalhaço todo, você me chega com esta cara e diz que não tinha culpa. Ah Alzira, faça-me o favor. Já aturei de tudo um pouco na vida, mas agora você me surpreendeu – Trêmulo, pega o cigarro no bolso esquerdo da camisa, retira um, busca o isqueiro verde no bolso direito da calça, ascende o cigarro, dá uma tragada e solta fumaça pelo canto da boca.
E tem mais, se aquele fi-lho-da-pu-ta disse aquilo tudo no meio do salão, é porque ele tem seus motivos. Se ele tem, alguém deu este motivo. E nem preciso falar quem deu este motivo. Não é Alzira? – Com a garrafa de café já pendurada em sua mão, abre a porta do armário vermelho e retira uma xícara Duralex marrom. Coloca-a em cima da mesa, tira a tampa da cafeteira, deixa descer o líquido negro até preencher dois dedos generosos de café. A fumaça sobe fazendo desenhos no ar.

Porra, eu não acredito que este trem vazou desta maneira. Era tudo o que não podia acontecer, mas a inconsequente nem sequer pensou um minuto. Um-mi-nu-to, um mí-se-ro-mi-nu-to, já era o bastante para parar e pensar. Porra! Porra! Porra! É muita merda num dia só. Alzira, você tem noção desta merda toda em que nos enfiou? – O Café desce a garganta queimando, mais um trago do cigarro, as mãos trêmulas e sujas se seguravam para não fazer o pior, o odor de cigarro e o aroma de café misturavam-se no ambiente pesado, tão pesado quanto à revelação feita no meio daquele salão.

E agora quero ver como vamos ficar nessa. Alzira honestamente não sei o que faço mais com você – Colocou a xícara Duralex marrom na pia, dirigiu-se até a porta, pegou na maçaneta, abriu a porta o bastante para passar e saiu pelo corredor afora.

Porra, Alzira! Porra!

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